Administração

 Principal Acima

 

REPENSANDO A PEQUENA
E MÉDIA EMPRESA

José Roberto Saviani

Diretor da Saviani & Associados e instrutor do IETEC

Estamos vivendo um momento muito importante no que se refere aos processos organizacionais que visam alcançar competitividade, produtividade, excelência da informação e qualidade. As pequenas e médias empresas brasileiras vêm sofrendo, desde 1990, um verdadeiro "terremoto" em seus princípios viciados de administração.

Sabemos que nestas empresas as características principais são as seguintes:

Poder centralizador.
Áreas estanques (feudos).
Inexistência de uma filosofia de Recursos Humanos.
Total informalização dos processos.
Informática apenas para sistemas básicos (quando há).
Perpetuação de funcionários nos mesmos cargos da época de sua admissão.
Arejamento, treinamento e reciclagens inexistentes.

Porém, estamos agora diante de Reengenharia, Gerenciamento Participativo, Qualidade Total, ISO 9000, ISO 14000... E aí? Como buscar tudo isso após 30,40 anos de vícios de avô para pai e de pai para filhos? Torna-se muito complicado -e infelizmente inatingível algumas vezes- se medidas não forem tomadas de imediato. E são medidas que não podem ser contemporizadoras e sim radicais em certos casos.

Não se trata mais de modismos administrativos e sim necessidades prementes em face da concorrência de empresas européias, asiáticas e até sul-americanas. "Alô senhores empresários de pequenas e médias empresas! A abertura do mercado é uma realidade, atenção!!"

Acabaram-se os monopólios de certos produtos que nós brasileiros engolimos "goela abaixo" por tantos anos. Os produtos importados, o código do consumidor abriram nossos olhos e queremos agora qualidade, competência, segurança pós-venda!

Este mercado, cada vez mais, exigirá profissionais realmente "arejados" técnica e pessoalmente e é por este motivo o tema deste artigo. Precisamos repensar as nossas organizações. Repensar é adotar as seguintes atitudes a partir da alta administração, dos donos, que devem ser os maiores exemplos:

Traçar um plano estratégico nem que seja para um ano apenas próximo.
Reavaliar cada profissional identificando talentos obscurecidos pelo tempo e eliminando os "laranjas podres".
Buscar profissionalismo e não "proteção familiar" em cada funcionário.
Criar a mentalidade na empresa do "pensamento estratégico" em cada colaborador.
Adotar uma filosofia de recursos humanos onde a reciclagem e o treinamento devam ser constantes, transformando a idéia enraizada de que estas atividades representam custo. Elas representam investimentos de retorno garantido.
Utilizar a informática como uma alavanca para os negócios empresariais.
Descentralizar a empresa em células produtivas: as unidades de negócios.
Aprender a "delegar de verdade", de acordo com a competência de cada profissional.
A criatividade deve ser trabalhada e incentivada na empresa, diariamente, através de processos e treinamentos específicos para tal fim.
Ressaltar as possibilidades de progresso de forma honesta para cada funcionário, em sua área, em sua atividade.

São alguns caminhos que devem ser conquistados sem mais espera, este é o momento!

As oportunidades estão aí para quem é ágil, esperto e que reconheça que estas providências precisam ser tomadas Ninguém quer ser pequena e média empresa para sempre. Mas hoje, para crescer, somente com grupos colaboradores "arejados" -ligados aos negócios, participativos, comprometidos- é que poderá haver sucesso.

São providências viáveis, necessárias, fatores de sobrevivência agora mais do que nunca! Mãos à obra, empresários. A virada do século exige competência! É só querer.

 

Tecnologia Hoje
http://www.techoje.com.br
e-mail:
[email protected]


BASTA TERCEIRIZAR?
"REENGENHARIAR"?
José Roberto Saviani
professor da FGV/Pece, administrador de empresas, consultor, diretor da Saviani & Associados, Consultoria e Treinamento, autor do livro "Repensando as pequenas e Médias Empresas"

No Brasil vivenciamos constantes modismos. Agora vivemos a epidemia da terceirização e da reengenharia... Você terceiriza e tudo se resolve. Você altera os processos, através de uma filosofia de reengenharia, e sua empresa passa a ter lucros com eficiência!
Não questiono estes objetivos, estas metodologias, mas elas apenas criam novos nomes de atitudes organizacionais existentes há muitos e muitos anos. O que é um prestador de serviços? Há quanto tempo o conhecemos em inúmeras áreas de atividades? Quem utilizou um dia um prestador de serviços, "terceirizou" uma atividade em sua empresa. Agora, esta denominação surge como a grande solução para as empresas, principalmente aquelas em crise financeira.
Agora vivemos a epidemia
da terceirização e da reengenharia...
Reengenharia? O que sempre foi um processo de racionalização administrativa e organizacional? Os cortes hierárquicos (elimina-se a estrutura vertical), a delegação com real autonomia, a eliminação das filosofias voltadas à empresa e não a "subempresas" isoladas na própria organização. Estes sempre foram os alvos de um trabalho de reorganização decente, profissional, apoiado por uma área de recursos humanos eficaz.
Falo com muita tranqüilidade sobre estes aspectos, pois os vivencio há anos. Mas, tudo bem! Vamos adotar nesse momento a "terceirização" e a "reengenharia" como as novas soluções milagrosas.
Voltamos então a uma bandeira que sempre defendi. E a cúpula da empresa? O que se faz com ela? Terceirizamos também? Ou a isolamos em uma redoma para a lavagem cerebral da reengenharia?
E a imagem da empresa e seus produtos e serviços? Como estão no mercado? O que adiantará terceirizar processos e serviços e adotar a reengenharia internamente, se a empresa está desgastada junto ao seu público cliente?
E a cúpula da empresa?
O que fazer com ela?
Terceirizamos também?
Ou a isolamos em uma redoma
para a lavagem cerebral da reengenharia?
Há um primeiro trabalho junto à alta dministração sem o qual nada deve ser iniciado: a conscientização de um modernismo cultural e profissional que envolve mudanças de atitudes muitas vezes radicais e irreversíveis. Como vamos chamar isso? "Reconscientização do papel do líder empresarial"? Parece muito extenso, mas é por aí.
E onde está esta preocupação dos senhores consultores internacionais neste sentido, olhando para a cultura brasileira? Paralelamente a tudo isso, a imagem da empresa e seus produtos e serviços também devem ser alvos de uma reengenharia de propaganda e marketing. Ah! Agora sim eu começo a vislumbrar sucesso na terceirização e na reengenharia organizacional.
Portanto, vamos por os pés no chão. O que é necessário fazer, antes de mais nada, no que se refere à alta administração? Aqui seguem algumas sugestões.
* Reavaliar posturas centralizadoras, retrógradas, monopolizadoras.
* Identificar em cada líder empresarial seu nível de atualização profissional, cultural e visão global de mercado e adotar soluções que o coloque "up to date" junto aos seus pares interna e externamente.
* Avaliar realmente o que deve ser terceirizado através de uma análise criteriosa de custos, oportunidades. Incluir nesta análise a procura por talentos obscurecidos ou não descobertos no quadro da organização.
* Questionar a alta administração quanto a sua predisposição real e sincera para a receptividade aos itens acima; caso contrário, tudo não passará de um "teatro" que pode levar a empresa a um caos, pois o descrédito tomará conta de cada colaborador, de cada cliente, de cada fornecedor.
E quanto aos produtos, serviços e imagem da empresa? Alguns caminhos:
* Elaborar pesquisa (com empresas profissionais nesta área ) a fim de que se avalie como andam estes aspectos junto ao público consumidor e ao mercado em geral.
* Adotar procedimentos modernos de produção, revendo parque de equipamentos, produtividade, planos de incentivo na área de produção que melhoram a qualidade dos produtos e serviços.
* Eleger uma agência de propaganda ou um profissional da área (e aí já terceirizando) para que uma nova imagem, voltada à competência, anos de existência, modernidade, qualidade, possam ser assimiladas pelo consumidor final.
Dá para entender agora por que não basta apenas terceirizar ou "reengenhariar"?
Aí está um mix de atitudes que, com certeza, vão exigir um fôlego financeiro pois todos eles representarão investimentos com profissionais experientes. Mas, empresários, antes de mais nada, olhem-se no espelho e certifiquem-se de que estão dispostos a mudar culturas enraizadas.
Modernizar é também --e principalmente-- crescer culturalmente e possuir um "peito aberto" a descentralizações competentes. A partir dessa aceitação é que a terceirização e a reengenharia organizacional poderão produzir os efeitos esperados.

Tecnologia Hoje
http://www.techoje.com.br
e-mail: [email protected]

 

NOVAS FORMAS
DE GERENCIAR EMPRESAS


Sérgio Amad Costa
Sócio-diretor da Trevisan Auditores, professor dos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, administrador de empresas pela FGV com mestrado e doutorado na USP.

 

Diante da nova realidade econômica mundial, o país passa a se adaptar a um forte regime de concorrência. Dessas diversas modificações, a melhoria da forma de gerir uma empresa é um dos passos que devem ser tomados de imediato. Novas tendências estão surgindo e devem nortear essas transformações. A primeira diferença entre as décadas de 70 e 80 e o período atual é que naquela época as empresas brasileiras fabricavam vários produtos. Atualmente não se trabalha mais assim. As empresas tendem a produzir apenas aquilo em que são melhores. Um produto apenas razoavelmente aceito no mercado não vence a concorrência.

Também as estruturas industriais e empresariais se modificaram. A tendência é ter uma base mais enxuta mediante o processo de terceirização. Busca-se terceirizar aquilo que não é essencial e a se concentrar naquilo que é essencial na sua produção. Outro aspecto é a utilização de novas tecnologias, o aumento no índice de automação. A curto prazo, isso gera uma visão pessimista na nossa sociedade, pois cria um descrédito e uma insegurança quanto a validade de seus serviços à humanidade. Isto ocorre pelo fato de, em um primeiro momento, a automação gerar o desemprego estrutural - diferente do desemprego fruto da recessão. Ele elimina postos de trabalho. Existe, exercendo a função de um ser humano, um robô, uma máquina, um computador. A curto prazo, essa situação é ruim, porque o desemprego é lamentável. Por outro lado, a máquina libera o ser humanos de atividades alienantes, "emburrecedoras". Atividades que uma máquina poderia muito bem executar. Ao invés de o operário ficar fazendo coisas que enlouquecem qualquer cidadão - como ficar apertando botões - o profissional passa a fazer coisas mais interessantes e criativas, que exigem o exercício do pensamento. Novas fábricas deverão surgir para a construção das máquinas e equipamentos. Assim, o desemprego estrutural deixa de existir.

Quanto à mão-de-obra, a mudança é a seguinte: não se contrata hoje mais nenhum funcionário com a promessa de uma longa carreira e estabilidade no emprego. Atualmente, nem mesmo as empresas contam com esta estabilidade. A empresa, por diversos fatores, pode falir de uma hora para a outra. Como a empresa vai oferecer algo que nem mesmo ela tem ? O que é estabelecido, ao se fazer uma contratação, é que surge ali uma parceria. Se a empresa crescer e ganhar, o funcionários cresce e ganha também. Se a empresa parar no tempo ou perder, o funcionário perde também.

Em 70 e 80, era priorizado o profissional especialista, aquele que cada vez mais fazia apenas uma coisa. Hoje a tendência é contratar o profissional generalista, uma pessoa com visão macro do negócio. A necessidade hoje exige devido ao processo de racionalização, reestruturação e modernização - que o profissional exerça duas, três ou mais funções. Para se tornar competitiva, a empresa não pode se dar ao luxo de ter pessoas para fazer só uma coisinha. É a idéia do profissional multifuncional.

Outra mudança de gestão é quanto à forma de remuneração. Em 70, a forma de remuneração era o salário. Em 80, era o salário e os "fringe beneficits", uma forma indireta de pagamento, só que isso passou a ser inviável. Primeiro, porque antes isto representava uma diferenciação entre empresas. As empresas que ofereciam benefícios atraiam melhores funcionários. Com o tempo, isso deixou de ser um atrativo, tornando-se quase um direito adquirido. Em segundo lugar, as empresas hoje têm que se preocupar com seus custos. Com o mercado extremamente competitivo, as empresas não podem mais usar a fórmula lucro + custo=preço e impor seu preço. Pode até impor só que não vai vender. O consumidor irá comprar do concorrente que tiver menor preço. Assim, a nova fórmula que passa a ser usada é lucro=preço-custo. Portanto, se queremos manter o nosso lucro, temos que reduzir o custo. E para isso, não podemos oferecer tantos benefícios, que significam custos diretos e indiretos muito elevados para a empresa.

Por tudo isso, muda-se a forma de remuneração. A solução sem dúvida é a remuneração com base nos lucros ou resultados. Nos lucros, o próprio nome indica. No caso da avaliação por resultados, alcançando-se uma meta, o funcionário tem sua participação, mesmo que a empresa esteja em prejuízo. O interessante, no entanto, seria que esta forma de remuneração passasse por um período de transição ao invés de ser compulsória - como regulamenta medida provisória aprovada pelo governo. Sendo inicialmente facultativo, as empresas se preparariam e se adequariam à melhor maneira de se implantar este novo tipo de remuneração.

 

 

Tecnologia Hoje
http://www.techoje.com.br
e-mail: [email protected]

 

COMO MELHORAR
O DESEMPENHO EMPRESARIAL


Heles Soares Júnior
Economista, Professor da PUC/MG e diretor da GESTÃO ESTRATÉGICA CONSULTORES em belo horizonte, Instrutor do Curso de Pós-Graduação em Administração, no IETEC.

 

"O ideal é não esperar o momento ideal". Daniel Dantas

Entre todas as razões que colocam as empresas, diante do desafio de melhorar o seu desempenho empresarial, uma se destaca, trata-se da pressão competitiva.

Diante da pressão competitiva, a melhoria do desempenho só pode ser plenamente perseguida a partir de um reposicionamento estratégico. A sua ausência, leva a desempenhos medíocres, refletidos em os indicadores de qualidade, produtividade, custos, enfim, compromete-se a própria perenidade da empresa.
Nossa pretensão, é relatar um pouco da nossa experiência, sobre alguns aspectos que devem merecer atenção especial para vencer o desafio colocado.


VEJAMOS ENTÃO, ALGUNS DELES:

1- O ponto de partida, será a montagem do que denominamos Perfil Estratégico da Empresa, que juntamente com os Cenários propicia um Sistema de Informações Estratégicas, base para o processo decisório. Afinal, já é consenso que a informação é o principal combustível dos negócios.


2- Para se (re)posicionar estrategicamente, torna-se essencial uma reflexão participativa e organizada de determinados temas, levando-se em consideração aspectos como cultura, história, organização, o que é peculiar a cada empresa. Os temas para reflexão nesta etapa, podem ser:

2.1 - Qual a nossa "arena" competitiva? Qual é, e como será o nosso Negócio?

2.2 - Qual o nosso papel dentro deste contexto? O que nos identifica e diferencia das demais empresas concorrentes? Qual o nosso Propósito ou Missão?

2.3 - Quais os balizamentos do nosso processo decisório, que permitem que as decisões sejam ágeis, consistentes e assimiladas por todos, na empresa ? Ou seja, quais os nossos Princípios?

2.4 - De uma maneira mais prospectiva do que mecanicista, temos que indagar constantemente, acerca das debilidades a serem removidas, as potencialidades a serem capitalizadas e, principalmente quais as ameaças estamos submetidos e quais oportunidades podemos viabilizar ? Trata-se, do permanente monitoramento do ambiente do negócio.

2.5 - Pesquisas demonstram que por traz de uma empresa de sucesso, existe uma visão de sucesso. Torna-se necessário, portanto, refletir sobre qual a visão temos da nossa empresa no futuro. Sobre o desafio estratégico da empresa. Até que ponto a perspectiva de gestão centrada apenas na sobrevivência, não tem comprometido sua própria perenidade?

2.6 - E agora, para onde vamos ? Que resultados quantitativos e qualitativos precisamos alcançar no contexto do nosso ambiente, para cumprir o nosso papel, respeitando nossos princípios e realizando nosso desafio ? Esta é uma reflexão essencial para que se possa ter uma direção única para a equipe.

2.7 - Neste momento temos que decidir sobre como chegar lá. Sobre quais caminhos perseguir para atingir os objetivos propostos. Trata-se de definir estratégias a serem utilizadas.

 

3 - A ponte entre a intenção e a realização é a ação. É o momento de detalhar as estratégia em ações coerentes com os resultados que se pretende alcançar, estabelecer o cronograma de realização, comprometer os responsáveis e compatibilizar os recursos.


4 - Para que todo este conjunto seja consistente, temos que conhecer seus reflexos econômico-financeiros, trata-se de elaborar o orçamento estratégico da empresa.


5 - Naturalmente, o processo que estamos propondo, não deve ser um esforço fechado, intra-muros. Somente terá efeito prático se contar com o comprometimento do conjunto dos atores envolvidos, independente do tamanho da equipe. Isso requer, fundamentalmente excelência em comunicação e sustentação em processos organizacionais e humanos.


6 - Finalmente, mas não menos importante, é agilidade na implantação e a solução de continuidade. Também, não podemos esquecer que, assim como, falham os que insistem ser possível administrar sem planejamento, falham aqueles que acreditam que os planos são auto-aplicáveis. É vital acompanhar, avaliar e controlar, permanentemente, objetivos e resultados.


Pelo que expomos, acreditamos que não se pode mais procrastinar em relação ao desafio de melhorar o desempenho empresarial, nem mesmo, insistir na sua resolução, apenas por uma abordagem míope. O ponto de partida é o planejamento que, mais do que elaborar planos, crie condições para uma gestão estratégica da empresa.

 

Tecnologia Hoje
http://www.techoje.com.br
e-mail: [email protected]

 

COMO GERENCIAR UM PROJETO

 

João Carlos Boyadjian
Administrador de empresas, com especialização pela New York University, diretor da CPLAN Consultoria e Planejamento, consultor de empresas com atuação especializada em gerenciamento de projetos, e instrutor de cursos de Gerenciamento de Projetos e PCP.

 

Há oito anos venho ministrando aulas de Gerenciamento de Projetos e percebo que muito ainda há de se fazer nesta área. Dois problemas são claramente perceptíveis: por um lado, a carência de profissionais com aptidão necessária para se gerenciar projetos e, por outro, o dinamismo das mudanças que envolvem essa área. Exemplo dessa mudança são os softwares e os computadores que, incontáveis vezes por ano, temos que analisar e adaptar às novas condições de trabalho.

Fazendo uma análise das mudanças que ocorrem na informática, percebo que há uma relação muito grande com o dinamismo com que se gerencia projetos. Parece que a urgência veio para ficar. Isto tem exigido cada vez mais de nós, profissionais da área, pois, a cada dia que passa, necessitamos mudar nossa maneira de trabalho para coordenar a ação de uma equipe que executa a parte operacional do desenvolvimento de um projeto. Aí passo a imaginar que, dentro de tantos tipos variados de projetos, como posso definir o que é o gerenciamento de um projeto? Posso afirmar que é um trabalho que pertence à ciência da administração. Posso provar, pois todo gerenciamento requer organização de trabalho, todo projeto necessita ser controlado financeiramente e todo projeto necessita ter o prazo sob controle, bem como todo projeto precisa ter uma equipe motivada como Maslow colocava. Também o escopo técnico precisa ser gerenciado, os contratos precisam ser elaborados, os Recursos Humanos medidos e comparados à necessidade de cada projeto.

Será que temos o pessoal necessário para executar todo o escopo? É o que muitos esquecem. Não basta apenas termos o dinheiro, o prazo e o escopo definidos. São necessários que homens e máquinas possam executar os projetos. E a disponibilidade de recursos? Está superando a necessidade ou vice-versa? Cabe ao gerente de projetos a responsabilidade final pelo projeto, assim como um engenheiro é o responsável técnico pela construção de uma obra civil. Como se municiar de tudo isto sem o apoio de um computador?

Desde 1972, venho aplicando o gerenciamento de projetos nas mais variadas áreas, tais como civil, bélica, alimentícia e bebidas, petroquímica e celulose, nuclear, fios e cabos, computação, manutenção (paradas de linhas) e outras. Em todos eles, quando internos, as empresas tiveram um nível de esforço de gerenciamento menor durante a fase inicial, denominada conceituação (definição de todas as necessidades para se gerenciar o projeto) e um esforço crescente durante as fases de implementação (definição do planejamento) e desenvolvimento (execução e controle). Durante a fase de encerramento (histórico das ocorrências) esse esforço diminui.

A palavra projeto vem do inglês (project), que em nosso meio tem o sentido de empreendimento, ou seja, gerenciar um serviço com diversas etapas de trabalho em um produto especial ou específico, não repetitivos e que tenham prazos limítrofes, de início e fim, bem definidos e um escopo de atividades a serem executadas (contratos). Este escopo representa todo o trabalho a ser desenvolvido, que levará tempo e recurso, quer sejam eles humanos ou materiais e que precisam estar bem controlados, para que não fujam do orçamento ou verbas dotadas a serem gastas.

Os projetos podem ser de ordem interna ou externa. Por exemplo, um projeto é interno quando ele faz parte do desenvolvimento de um novo produto a ser lançado no mercado. Um projeto é externo quando ele precisar ser entregue a um determinado cliente. Por exemplo, o fornecimento de um módulo de plataforma marítima para a Petrobrás, quando o fornecedor deverá entregá-lo? Para isto são elaborados contratos que delimitam claramente qual é o escopo, o preço e o prazo de entrega. No Brasil muitos definem este trabalho como um trabalho de gerenciamento de contratos. Este serviço faz parte integrante do trabalho de um gerente de projetos, que, entre outras coisas, também deve fazer, ou seja, gerenciar os mais diversos tipos de contratos de fornecimentos e que fazem parte do projeto como um todo.

Para gerenciar os projetos, a utilização do computador é uma ferramenta essencial na tomada de decisões. Até o final dos anos 70, tínhamos basicamente que trabalhar com sistema Block Time (hora reservada para uso do computador) em computadores de grande porte da época (IBM 1130, /360; /370; 4341, 4381). Quando chegaram os primeiros 43xx, o uso tornou-se bem mais cômodo, pois a partir daí tínhamos terminais nas salas de trabalho. Mais tarde um pouco, início da microcomputação no Brasil, tive um PC XT na mão. O processamento era efetuado na minha máquina e impresso ao meu lado, sem precisar do CPD para processar os dados compartilhados com outros micros. Em breve chegaram os 286, 386 e agora os mais usados 486. Um super avanço, se compararmos aos equipamentos de 20 anos atrás.

Os softwares (programas de cálculo) utilizados eram os PCS, Projacs, PMS, Ciprec, Caposs, Cybernet que agora chamam-se Superproject, Project, Primavera, Timeline, Open Plan, e outros mais de 130 que tenho catalogado. Agora, com maior rapidez, o gerenciamento de projetos pode visualizar uma Rede Pert/CPM, um Cronograma, um Historograma de Recursos por escala variável de tempo (HH ou custos). As decisões têm que ser rápidas. Se tempo é dinheiro, os custos aumentam e a qualidade pode ser prejudicada.

Esta ciência não é exata, e com a chegada da Reengenharia, que trouxe no seu bojo um ramo da informação e a necessidade de se administrar cada vez mais os recursos humanos que executam os trabalhos operacionais dentro de um projeto e ainda as constantes mudanças de prioridades e maneiras de se executar este projeto (pela própria exigência de mercado), fazem a dinâmica de um projeto. É por isso que computadores são essenciais para fazerem cálculos de planejamento e programação dos prazos, custos e recursos, quer sejam eles financeiros ou de mão-de-obra, máquinas ou equipamentos. Estes sistemas ajudam o gerente do projeto a analisar também quais são os caminhos críticos que um projeto possui para apoio na tomada de decisões, com relação a prazo e custo. Pode-se visualizar também uma curva de Progresso Físico (Curva "S") em relação ao progresso econômicodo projeto, no sentido de analisar o quanto do andamento percentual do físico já foi realizado e comparativamente, na mesma época, foi gasto em dinheiro.

É também por isso que foi dito anteriormente que um projeto necessita de uma melhor organização, que defina toda a conceituação do projeto, dos contratos a serem administrados, do financiamento e análise do retorno dos investimentos (projetos internos) ou dos custos e fluxos de caixa (projetos externos) e sua aplicabilidade na organização.

 

Tecnologia Hoje
http://www.techoje.com.br
e-mail: [email protected]

 

Principal ] Acima ]

 

trabalh.gif (8725 bytes)